domingo, abril 01, 2007

Blues Fúnebres



Que parem os relógios,
cale o telefone,
jogue-se ao cão um osso e que não ladre mais,
que emudeça o piano
e que o tambor sancione a vinda do caixão com seu cortejo atrás.
Que os aviões, gemendo acima em alvoroço,
escrevam contra o céu o anúncio:
Ele morreu.
Que as pombas guardem luto
— um laço no pescoço
—e os guardas usem finas luvas cor-de-breu.
Era meu norte, sul, meu leste, oeste,
enquanto viveu...
meus dias úteis, meu fim-de-semana,meu meio-dia, meia-noite,
fala e canto;
quem julgue o amor eterno, como eu fiz,
se engana.
É hora de apagar estrelas
— são molestas
—guardar a lua,
desmontar o sol brilhante,
de despejar o mar,
jogar fora as florestas,
pois nada mais há de dar certo doravante.

W. H. Auden nasceu em York, Inglaterra, em 1907. Mudou-se para Birmingham na infância e estudou no Christ's Church, em Oxford. Quando jovem, era influenciado pelas poesias de Thomas Hardy, Robert Frost, William Blake e Emily Dickinson.

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