segunda-feira, abril 02, 2007

Nossa Senhora rogai por nós ....




Cubra-me com seu manto de amor

Guarda-me na paz desse olhar

Cura-me as feridas e a dor me faz suportar]

Que as pedras do meu caminho

Meus pés suportem pisar

Mesmo ferido de espinhos me ajude a passar

Se ficaram mágoas em mim

Mãe tira do meu coração

E aqueles que eu fiz sofrer peço perdão

Se eu curvar meu corpo na dor

Me alivia o peso da cruz

Interceda por mim minha mãe junto a Jesus

Nossa Senhora me de a mão

Cuida do meu coração

Da minha vida

do meu destino

Nossa Senhora me dê a mão

Cuida do meu coração

Da minha vida do meu destino

Do meu caminho

Cuida de mim

Sempre que o meu pranto rolar

Ponha sobre mim suas mãos

Aumenta minha fé e acalma o meu coração

Grande é a procissão a pedir

A misericórdia o perdão

A cura do corpo e pra alma a salvação

Pobres pecadores oh mãe

Tão necessitados de vós

Santa Mãe de Deus tem piedade de nós

De joelhos aos vossos pés

Estendei a nós vossas mãos

Rogai por todos nós vossos filhos meus irmãos

Nossa Senhora me de a mão

Cuida do meu destino...
Óh querida Senhora... se eu mereço....
Cuida de mim!!!!

domingo, abril 01, 2007

Uma linda oração...



Que jamais, em tempo algum, o teu coração acalante ódio.
Que o canto da maturidade jamais asfixie a tua criança interior.
Que o teu sorriso seja sempre verdadeiro.
Que as perdas do teu caminho sejam sempre encaradas como lições de vida.
Que a musica seja tua companheira de momentos secretos contigo mesmo.
Que os teus momentos de amor contenham a magia de tua alma eterna em cada beijo.
Que os teus olhos sejam dois sóis olhando a luz da vida em cada amanhecer.
Que cada dia seja um novo recomeço,
onde tua alma dance na luz.
Que em cada passo teu fiquem marcas luminosas de tua passagem em cada coração.
Que em cada amigo o teu coração faça festa,
que celebre o canto da amizade profunda que liga as almas afins.
Que em teus momentos de solidão e cansaço,
esteja sempre presente em teu coração
a lembrança de que tudo passa e se transforma,
quando a alma é grande e generosa.
Que o teu coração voe contente nas asas da espiritualidade consciente,
para que tu percebas a ternura invisível, tocando o centro do teu ser eterno.
Que um suave acalanto te acompanhe, na terra ou no espaço,
e por onde quer que o imanente invisível leve o teu viver.
Que o teu coração sinta a presença secreta do inefável!
Que os teus pensamentos e os teus amores,
o teu viver e a tua passagem pela vida,
sejam sempre abençoados por aquele amor que ama sem nome.
Aquele amor que não se explica, só se sente.
Que esse amor seja o teu acalanto secreto,
viajando eternamente no centro do teu ser.
Que este amor transforme os teus dramas em luz,
a tua tristeza em celebração,
e os teus passos cansados em alegres passos de dança renovadora.
Que jamais, em tempo algum,
tu esqueças da Presença que está em ti e em todos os seres.
Que o teu viver seja pleno de Paz e Luz!


Lindo...Vale a pena visitar o site.

Afinal, o que é o tempo?....

Wake Up

Há horas em nossa vida que somos tomados por uma enorme sensação de inutilidade, de vazio.Questionamos o porquê de nossa existência e nada parece fazer sentido.Concentramos nossa atenção no lado mais cruel da vida, aquele que é implacável e a todos afeta indistintamente: As perdas do ser humano.

Ao nascer, perdemos o aconchego, a segurança e a proteção do útero.Estamos, a partir de então, por nossa conta.Sozinhos.Começamos a vida em perda e nela continuamos.Paradoxalmente, no momento em que perdemos algo, outras possibilidades nos surgem.Ao perdermos o aconchego do útero, ganhamos os braços do mundo.Ele nos acolhe: nos encanta e nos assusta, nos eleva e nos destrói.E continuamos a perder e seguimos a ganhar.

Perdemos primeiro a inocência da infância.A confiança absoluta na mão que segura nossa mão, a coragem de andar na bicicleta sem rodinhas por que alguém ao nosso lado nos asseguraque não nos deixará cair...E ao perdê-la, adquirimos a capacidade de questionar.Por que? Perguntamos a todos e de tudo.Abrimos portas para um novo mundo e fechamos janelas, irremediavelmente deixadas para trás.

Estamos crescendo...
Nascer,crescer,adolescer,amadurecer,envelhecer e depois morrer...
Vamos perdendo aos poucos alguns direitos e conquistando outros.Perdemos o direito de poder chorar bem alto, aos gritos mesmo, quando algo nos é tomado contra a vontade.Perdemos o direito de dizer absolutamente tudo que nos passa pela cabeça sem medo de causar melindres.

Assim, se nossa tia às vezes nos parece gorda tememos dizer-lhe isso.Receamos dar risadas escandalosamente da bermuda ridícula do vizinho ou puxar as pelanquinhas do braço da avó com a maior naturalidade do mundo e ainda falar bem alto sobre o assunto.

Estamos crescidos e nos ensinam que não devemos ser tão sinceros.E aprendemos.E vamos adolescendo ganhamos peso, ganhamos pêlos, ganhamos altura, ganhamos o mundo.Neste ponto, vivemos em grande conflito.O mundo todo nos parece inadequado aos nossos sonhos ah! os sonhos!!!

Ganhamos muitos sonhos.Sonhamos dormindo,sonhamos acordados,sonhamos o tempo todo.Aí, de repente, caímos na real!Estamos amadurecendo, todos nos admiram.Tornamo-nos equilibrados, contidos, ponderados.Perdemos a espontaneidade.Passamos a utilizar o raciocínio, a razão acima de tudo.

Mas não é justamente essa a condição que nos coloca acima (?) dos outros animais?A racionalidade, a capacidade de organizar nossas ações de modo lógico e racionalmente planejado? E continuamos amadurecendo ganhamos um carro novo, um companheiro, ganhamos um diploma....

E desgraçadamente perdemos o direito de gargalhar, de andar descalço, tomar banho de chuva, lamber os dedos e soltar pum sem querer.Mas perdemos peso!!!Já não pulamos mais no pescoço de quem amamos e tascamos - lhe aquele beijo estalado, mas apertamos as mãos de todos, ganhamos novos amigos,ganhamos um bom salário, ganhamos reconhecimento, honrarias, títulos honorários e a chave da cidade.

E assim, vamos ganhando tempo , enquanto envelhecemos.De repente percebemos que ganhamos algumas rugas, algumas dores nas costas (ou nas pernas), ganhamos celulite, estrias, ganhamos peso ,e perdemos cabelos.Nos damos conta que perdemos também o brilho no olhar, esquecemos os nossos sonhos, deixamos de sorrir.perdemos a esperança.Estamos envelhecendo.

Não podemos deixar pra fazer algo quando estivermos morrendo.Que a gente cresça e não envelheça simplesmente.Que tenhamos dores nas costas e alguém que as massageie.Que tenhamos rugas e boas lembranças.

Que tenhamos juízo mas mantenhamos o bom humor e um pouco de ousadia.Que sejamos racionais, mas lutemos por nossos sonhos.E, principalmente, que não digamos apenas eu te amo, mas ajamos de modo que aqueles a quem amamos, sintam-se amados mais do que saibam-se amados.

Afinal, o que é o tempo?
Não é nada em relação a nossa grande missão.E que missão!
Fique em Paz!


Texto de Cibele Menini







O Fantasma da( o) Ex

Dificilmente você namora ou está enrolado com uma pessoa 0 km. Seu grande amor provavelmente já teve um outro grande amor antes de você, assim como você tem alguma quilometragem percorrida também. Normal. O problema é quando o ex do seu amor não ficou no passado: ainda ronda o presente. Você achava que ele estava morto e enterrado, mas que nada, o fantasma ainda assombra. Manda e-mails pro seu amor, telefona de vez em quando, surge nos mesmos lugares em que vocês estão. Uma praga.
Vocês construíram uma relação supersólida, está tudo indo mais do que bem, não há motivo para desconfiança ou insegurança. Mas até quando? O ser humano é saudosista por natureza. De repente, num momento de carência, você pode não estar por perto e o seu amor se deixar levar por uma sessão nostalgia. Quem garante que não? Ninguém garante nada nesta vida. Mas não vejo muita razão para alguém se preocupar demasiadamente com os ex.
Eles já tiveram sua vez. Por alguma razão, não deu certo. Eu sei, eu sei, isso não quer dizer absolutamente nada, os dois podem ter continuado a se amar mesmo assim, eles podem ter deixado arestas por apontar, eles podem ter coisas entaladas na garganta para dizer um ao outro.
Brrrrr... Assustador! Mas também é muito provável que, se eles tentarem de novo, vão esbarrar nos mesmos problemas que os fizeram separar. Ex é prato requentado. Quase um parente. Eu não tenho fobia com ex, ao menos não com um ex que tenha sido bem vivido, bem curtido. Fico mais apreensivo em relação àqueles que podem vir a ser casos passageiros, aventurazinhas bobas, mas que podem surpreender.
Não temo fantasmas, temo gente bem viva, bem acordada, oferecendo novidades, fantasias. Ex é um direito adquirido. Chegou antes. Tem privilégios. Merece respeito. E se seu grande amor cair nessa armadilha, terminar com você e voltar para o passado, relaxe, não se apavore. Será sua vez de assombrar. O ex agora é você.
Crying 1

( Martha Medeiros )





Eu sei mas não devia...

Eu sei que a gente se acostuma...Mas não devia!!!
A gente se acostuma a morar em apartamentode fundos e a não ter outra vista que não seja as janelas ao redor.E porque não tem vista,logo se acostuma a não olhar para fora.E porque não olha para fora logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas.E porque não abre as cortinas logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E a medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora.A tomar café correndo porque está atrasado. A ler jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem.A comer sanduíche porque não dá pra almoçar.A sair do trabalho porque já é noite.A cochilar no ônibus porque está cansado.A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra.E aceitando a guerra, aceita seus mortos e que haja número para os mortos.E aceitando os números aceita não acreditar nas negociações de paz.E não aceitando as negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra,dos números, da longa duração.
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone:hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. A lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa.
A fazer fila para pagar.E a pagar mais do que as coisas valem.E a saber que cada vez pagará mais.E a procurar mais trabalho,para ganhar mais dinheiro,para ter com que pagar nas filas que se cobra.A gente se acostuma a andar na rua e a ver cartazes. A abrir as revistas e a ver anúncios. A ligar a televisão e a ver comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade.
A ser instigado, conduzido, desnorteado,lançado na infindável catarata dos produtos. A gente se acostuma à poluição.Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro.À luz artificial de ligeiro tremor.Ao choque que os olhos levam na luz natural.
Às bactérias da água potável.À contaminação da água do mar.À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada,a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé,a não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer.Em doses pequenas, tentando não perceber,vai se afastando uma dor aqui,um ressentimento ali, uma revolta acolá.
Se o cinema está cheio a gente sentana primeira fila e torce um pouco o pescoço.
Se a praia está contaminada a gentesó molha os pés e sua no resto do corpo.Se o trabalho está duro, a gentese consola pensando no fim de semana.E se no fim de semana não há muitoo que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.
A gente se acostuma para não se ralar na aspereza,para preservar a pele.Se acostuma para evitar feridas,sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito.
A gente se acostuma para poupar a vida que aos poucos se gasta.... e de tão gasta, de tanto se acostumar.... se perde de si mesma.

Texto de Marina Colassanti.

O Anônimo (Ignácio de Loyola Brandão)





Presença da tragédia
Se alguém me matasse.

Se eu fosse abatido a tiros por uma amante, pelo marido de uma de minhas amantes, por um neurótico pela fama, por um serial killer americano que tivesse vindo ao Brasil, pelo engano de um traficante, por um assaltante num cruzamento, por uma das milhares de balas perdidas que cruzam a cidade, por uma dessas motos enraivecidas que alucinam o transito, por um colega de profissão inconformado com a minha fama.

Se morresse em uma inundação, atingido por um raio ou por um arvore derrubada por um vendaval. Por um remédio com data vencida, por uma comida estragada. Uma tragédia noticiada por toda a mídia, alimentada e realimentada, provocando manchetes vorazes, devoradas com prazer pelo publico e construindo a minha legenda.

Melhor que fosse algo misterioso. O noticiário duraria mais tempo, o caso seria revisto por curiosos dispostos a desvendar enigmas. Provocar a necessidade de uma autopsia, de exumação. Ser o enigma do século seria a minha gloria. Se eu tivesse essa certeza, não me incomodaria de estar morto.(9.10.2000)


O Anônimo,

Cadernos de Literatura Brasileira - Instituto Moreira Salles - São Paulo, nº. 11, Junho de 2001, pág. 98.
Para conhecer mais sobre Ignácio de Loyola Brandão, clique aqui.

Ilustração: Artur de Carvalho
Artur de Carvalho, escritor, publicitário e cartunista, escreve para o "Diário de Votuporanga", interior de São Paulo, desde 1997. Lançou recentemente o livro "O Incrível Homem de Quatro Olhos", edição do autor - Votuporanga, 2000. Leia suas crônicas publicadas no Releituras e, para se deliciar com todo seu talento, visite seu sítio.



© Projeto ReleiturasArnaldo Nogueira Jr
01/04/2007 - 17:05:35

A divisão...(Stanislaw Ponte Preta)




Você poderá ficar com a poltrona, se quiser. Mande forrar de novo, ajeitar as molas. É claro que sentirei falta. Não dela, mas das tardes em que aqui fiquei sentado, olhando as arvores. Estas sim, eu levaria de bom grado : as árvores, a vista do morro, até a algazarra das crianças lá embaixo, na praça. 0 resto dos moveis — são tão poucos! — podemos dividir de acordo com nossas futuras necessidades.
A vitrola esta, tão velha que o melhor é deixá-la ai mesmo, entregue aos cuidados ou ao desespero do futuro inquilino. Tanto você quanto eu haveremos de ter, mais cedo ou mais tarde, as nossas respectivas vitrolas, mais modernas, dotadas de todos os requisitos técnicos e mais aquilo que faltou ao nosso amor: alta-fidelidade.
Quanto aos discos, obedecerão às nossas preferências. Você fica com as valsas, as canções francesas, um ou outro "chopinzinho", o Mozart e Bing Crosby. Deixe para mim o canto pungente do negro Armstrong, os sambas antigos e estes chorinhos. Aqueles que compartilhavam do nosso gosto comum serão quebrados e jogados no lixo. É justo e honesto.
Os livros são todos seus, salvo um ou outro com dedicatória. Não, não estou querendo ser magnânimo. Pelo contrario: Ainda desta vez penso em mim. Será um prazer voltar a juntá-los, um por um, em tardes de folga, visitando livrarias. Aos poucos irei refazendo toda esta biblioteca, então com um caráter mais pessoal. Fique com os livros todos, portanto. E conseqüentemente com a estante também.
Os quadros também são seus, e mais esses vasinhos de plantas. Levarei comigo o cinzeirinho verde. Ele já era meu muito antes de nos conhecermos. Também os dois chinesinhos de marfim e esta espátula. Veja só o que está escrito nela: 12-1-48. Fique com toda essa quinquilharia acidentalmente juntada. Sempre detestei bibelôs e, mais do que eles, a chamada arte popular, principalmente quando ela se resume nesses bonequinhos de barro. Com exceção,o de pote de melado e moringa de água, nada que foi feito com barro presta. Nem o homem.
Rasgaremos todas as fotografias, todas as cartas, todas as lembranças passíveis de serem destruídas. Programas de teatros, álbuns de viagens, souvenirs. Que não reste nada daquilo que nos é absolutamente pessoal e que não possa ser entre nos dividido.
Fique com a poltrona, seus discos, todos os livros, os quadros, esta jarra. Eu ficarei com estes objetos, um ou outro móvel. Tudo está razoavelmente dividido. Leve a sua tristeza, eu guardarei a minha.

Sérgio Porto (Stanislaw Ponte Preta)
— A casa demolida — Editora do Autor, Rio de Janeiro, 1968, pág. 201.




Nossa....Que coisa triste....
Será que dividir é a solução?

Cris/ 1º de abril.../07
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© Projeto ReleiturasArnaldo Nogueira Jr
01/04/2007 - 16:29:24
DivisãoSérgio Porto (Stanislaw Ponte Preta)

A Evidência (Millôr Fernandes)







Ainda que pasmem os leitores, ainda que não acreditem e passem, doravante, a chamar este escritor de mentiroso e fátuo, a verdade é que, certo dia que não adianta precisar, entraram num restaurante de luxo, que não me interessa dizer qual seja, um ratinho gordo e catita e um enorme tigre de olhar estriado e grandes bigodes ferozes. Entraram e, como sucede nas histórias deste tipo, ninguém se espantou, muito menos o garçon do restaurante. Era apenas mais um par de fregueses. Entrados os dois, ratinho e tigre, escolheram uma mesa e se sentaram.
O garçon andou de lá prá cá e de cá prá lá, como fazem todos os garçons durante meia hora, na preliminar de atender fregueses mas, afinal, atendeu-os, já que não lhe restava outra possibilidade, pois, por mais que faça um garçon, acaba mesmo tendo que atender seus fregueses. Chegou pois o garçon e perguntou ao ratinho o que desejava comer. Disse o ratinho, numa segurança de conhecedor :
__ "Primeiro você me traga Roquefort au Blinnis. Depois Couer de Baratta filet roti à la broche pommes dauphine. Em seguida Medaillon Lagartiche Foie Gras de Strasbourg. E, como sobremesa, me traga um Parfait de biscuit Estraguèe avec Cerises Jubilée. Café. Beberei, durante o jantar, um Laffite Porcherrie Rotschild 1934.
__Muito bem - disse o garçon. E, dirigindo-se ao tigre — E o senhor, que vai querer?
__Ele não quer nada — disse o ratinho

__Nada? — tornou o garçon...
__Não tem apetite?
__ Apetite? Que apetite? — rosnou o ratinho enraivecido — Deixa de ser idiota, seu idiota! Então você acha que se ele estivesse com fome eu ia andar ao lado dele?


MORAL: É NECESSÁRIO MANTER A LÓGICA MESMO NA FANTASIA.


Projeto Releituras Arnaldo Nogueira Jr
01/04/2007 - 16:14:12

Blues Fúnebres



Que parem os relógios,
cale o telefone,
jogue-se ao cão um osso e que não ladre mais,
que emudeça o piano
e que o tambor sancione a vinda do caixão com seu cortejo atrás.
Que os aviões, gemendo acima em alvoroço,
escrevam contra o céu o anúncio:
Ele morreu.
Que as pombas guardem luto
— um laço no pescoço
—e os guardas usem finas luvas cor-de-breu.
Era meu norte, sul, meu leste, oeste,
enquanto viveu...
meus dias úteis, meu fim-de-semana,meu meio-dia, meia-noite,
fala e canto;
quem julgue o amor eterno, como eu fiz,
se engana.
É hora de apagar estrelas
— são molestas
—guardar a lua,
desmontar o sol brilhante,
de despejar o mar,
jogar fora as florestas,
pois nada mais há de dar certo doravante.

W. H. Auden nasceu em York, Inglaterra, em 1907. Mudou-se para Birmingham na infância e estudou no Christ's Church, em Oxford. Quando jovem, era influenciado pelas poesias de Thomas Hardy, Robert Frost, William Blake e Emily Dickinson.